Nossa escola disse NÃO! Imprimir

Conselho de EscolaNa última quarta-feira, 05/05, o Conselho de Escola da EE Neuza Maria Nazatto de Carvalho esteve reunido no período da tarde para tomar uma importante decisão: transformar ou não nossa escola em uma escola de Ensino Médio de tempo integral.

Após a exposição da Supervisora de Ensino, Profa. Rita, e da Diretora da escola, Profa. Sirlei, que apresentaram ao conselho a proposta e o modelo de escola de tempo integral (na visão delas), tivemos algumas falas dos professores Antonio (Tonhão) e José Carlos (JC), e também de pais e alunos que quiseram expor publicamente suas opiniões. Após as falas tivemos a votação e o Conselho de Escola, por UNANIMIDADE, disse NÃO.

Continue lendo e veja porque...

O modelo de escola de Ensino Médio de tempo integral que está sendo implantado no Estado de São Paulo foi desenvolvido pelo ICE (Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação - uma instituição criada por empresários) e inteiramente baseado na gestão da produtividade de empresas (e não na gestão do Ensino ou de escolas).

O ICE, tomando como modelo a TEO (Tecnologia Empresarial Odebrecht - desenvolvida para as empresas do grupo Odebrecht), desenvolveu uma adaptação denominada TESE (Tecnologia Empresarial Socioeducacional) e a vendeu inicialmente para escolas de Pernambuco. Atualmente vários outros estados estão "testando" esse modelo e São Paulo é um deles.

O modelo foi desenvolvido com a pretensão de oferecer um ensino de qualidade baseado em estratégias de gerenciamento de empresas. A escola é bastante "formal" e "tradicional" e o ensino se baseia nos mesmos modelos da escola "normal", acrescido de uma maior cobrança da parte de todos (alunos, professores e gestores).

Os professores da escola de tempo integral não possuem estabilidade em seus cargos e podem ser substituídos caso fiquem doentes (mesmo que por períodos não muito longos), caso não atinjam as "metas de produtividade" estabelecidas ou não concordem em abrir mão de sua autonomia profissional.

O aluno deve "aguentar" o ritmo de estudo e se adaptar a permanecer o dia todo na escola, estudando uma média de 45 horas semanais (ao invés das 36 atuais), fora as atividades "extras".

A implantação desse modelo em nossa comunidade faria com que:

 

  • todos os nossos alunos do Ensino Fundamental e todos os nossos alunos do Ensino Médio noturno fossem obrigados a procurarem outras escolas (mais distantes e nem sempre com a mesma qualidade que a nossa), pois na escola de Ensino Médio de tempo integral não há Ensino Fundamental e nem ensino noturno;
  • grande parte de nossos alunos do Ensino Médio do período diurno também teria que mudar de escola, pois trabalham ou estudam no contraturno.
Assim, esse modelo de escola, além de discutível do ponto de vista pedagógico, ainda faria com que, na prática, a grande maioria dos nossos alunos e professores fossem "jogados para outras escolas". De onde foi que a comunidade tirou uma conclusão óbvia: para que queremos uma escola que não servirá para a grande maioria de nós?
Assim, com um redundante NÃO, o Conselho de Escola seguiu e respeitou a vontade e os interesses da comunidade e, acompanhando as votações que já haviam sido feitas anteriormente (os alunos votaram NÃO em extrema maioria e os pais votaram NÃO em extrema maioria também), o Conselho de Classe votou NÃO UNANIMAMENTE.
Resta-nos agora esperar que as instâncias superiores à escola (Diretoria de Ensino e Secretaria da Educação) respeitem democraticamente a vontade da comunidade e façam valer a expressão do seu desejo ratificado em todas as votações feitas pela comunidade (alunos, pais, professores e funcionários).